Previsto no artigo 5º, XXXVIII, da Constituição Federal Brasileira de 1988, o Tribunal do Júri é a jurisdição à qual compete o julgamento de crimes dolosos contra a vida, previstos nos artigos 121 a 128 do Código Penal. Também conhecido como Júri Popular, é formado por um júri de cidadãos comuns, de diversos grupos da sociedade, que decidem sobre a culpabilidade, ou falta dela, dos acusados. À este modelo foi designada a responsabilidade de julgar, em junho de 2006, o brutal assassinato do casal von Richthofen ocorrido em 2002.
Manfred Albert von Richthofen, nascido em Erbach em 3 de fevereiro de 1953, mudou-se para o Brasil na década de 70 após receber uma atrativa proposta de trabalho para atuar como engenheiro civil. Ingressou como estudante na Universidade de São Paulo (USP), na qual conheceu Marísia Abdalla, estudante de medicina de ascendência portuguesa e libanesa, com quem se casou. Do matrimônio entre Manfred e Marísia nasceram dois filhos: Suzane Louise Von Richthofen, nascida em novembro de 1983, e Andreas Albert von Richthofen, nascido em abril de 1987. A família acumulava, no total, uma fortuna de mais
de 11 milhões de reais.
Em agosto de 1999, durante uma visita ao Parque Ibirapuera, a família conheceu Daniel Cravinhos de Paula e Silva, competidor de aeromodelismo, que se tornou treinador particular de Andreas. Com o passar do tempo, a relação entre os jovens consolidou-se como amizade e houve um interesse mútuo entre Daniel e Suzane. Através da ajuda do irmão, Suzane Louise engatou um namoro com o Daniel. Os pais da adolescente, porém, não apoiavam o relacionamento e isso se tornou motivo de discórdia familiar. Após vários desentendimentos e incidentes, no dia 31 de outubro de 2002, Manfred e Marísia von Richthofen foram assassinados com golpes de barras de ferro enquanto dormiam na mansão da família no bairro classe média alta Brooklin, na capital paulista. Cabe ao comitê decidir o destino dos réus confessos Suzane, Daniel e seu irmão Christian.